OS CONTRABANDISTAS

21/10/19

António Firmino: “Desde há cerca de dez anos, ensino o Crioulo a portugueses, galegos ou espanhois”

Esta segunda-feira, o IES Perdouro de Burela contará com mais um professor no centro. António Firmino, natural da ilha de São Vicente, será o novo docente do que os próprios professores aprenderão sobre a língua e cultura cabo-verdiana. Este curso, que nasce desde o Centro de Formação e Recursos (CFR) de Burela e já conta com 25 matrículas, ajudará na integração das moças e moços de Cabo Verde que chegam à vila da Marinha.
antonio firmino
Qual é o seu lugar de origem?
Nasci na ilha de São Vicente, Cabo verde, onde vivi até 1971, altura em que vim para Portugal, para continuar os estudos; em fins de 1974, fui para a Guiné-Bissau, onde iniciei a carreira docente (Inglês e Francês), continuada em São Vicente até 1982, quando regresso a Portugal, onde permaneço até completar a licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas (variante Inglês-Português) em 1987, na Universidade Nova de Lisboa; regresso a Cabo Verde para leccionar Inglês Marítimo na então Centro de Formação Náutica, mais tarde Instituto Superior de Ciências do Mar.
Em que momento passou a viver em Portugal?
Nos fins de 1999, regresso a Portugal por motivos de saúde, aproveitando para fazer o Mestrado em Comunicação Educacional e Multimédia, na Universidade Aberta de Lisboa; concluído o mestrado, decido ficar, por motivos de saúde e familiares. A família nuclear estava toda em Portugal (mulher, filhos e netos).
Continua em relacionamento estreito com Cabo Verde?
O contacto com a terra é permanente, através de todos meios à minha disposição: internet, contactos com familiares e conterrâneos, televisão de Cabo Verde.
“O meu contacto com Cabo Verde é permanente através da Internet, contactos com familiares, televisão…”
Quanta população de origem cabo-verdiana está na área metropolitana de Lisboa?
A par da Holanda e dos Estados Unidos, Portugal acolhe um grande contingente de imigrantes cabo-verdianos; em 2.000, a estimativa de Cabo-verdianos em Portugal era de 83.000 e cerca de 90% na zona da Grande Lisboa.
Quais são os pontos de encontro da sociedade procedente das ilhas na cidade?
Existem variadíssimos pontos de encontro: associações cabo-verdianas (duas em Lisboa, uma em Almada, uma em Seixal, uma em Sines, etc), para além de vários bares e restaurantes de índole cabo-verdiana, com comida típica das ilhas, música, convívio).
Quadro de António Firmino.
Quadro de António Firmino.
Quais são as atividades em que se reúnem durante o ano?
Durante o ano, todas as festividades das ilhas , são recriadas e revividas em Portugal, o Carnaval, as Festas de São João, Festivais da Cavala, batuque e Funaná, etc
Como foi o processo de aprendizado do cabo-verdiano escrito?
O processo de aprendizagem do Crioulo escrito foi natural, primeiro com a chamada escrita espontânea , de base portuguesa e, mais tarde, com o ALUPEC -alfabeto unificado para a escrita do cabo-verdiano.
O António é professor da língua de Cabo Verde há alguns anos. Onde tem ministrado cursos?
Desde há cerca de dez anos, ensino o Crioulo, Língua e Cultura de Cabo Verde, a portugueses, espanhóis, galegos, belgas, russos, ingleses, brasileiros, polacos, etc., na sua maior parte pessoas com formação académica superior e que querem conhecer melhor a nossa língua e cultura, por motivos vários. As aulas são ministradas sob a égide do Centro
InterCulturaCidade.
A família Firmino é bem conhecida no universo artístico caboverdiano. Apresente-nos os seus membros.
A minha esposa, Ana Firmino é cantora, com quatro álbuns de música tradicional de Cabo Verde lançados até a data e concertos em vários países (Espanha, França, EUA, Alemanha, etc; o meu filho mais velho é rapper, mas também canta música das ilhas, mornas e coladeiras.
Desde quando é pintor e como nos apresenta a sua pintura?
Pinto desde os meus catorze anos e nunca parei até agora, tendo o conciliado a actividade artística com a vida académica. A minha pintura pretende ser realista com forte ligação a Cabo Verde, suas gentes e tradições.
Fonte informativa: Portal Galego da Língua

Sem comentários:

Enviar um comentário