OS CONTRABANDISTAS

30/11/21

MARIA JOSÉ SOLA BRAVO: “TENHO PRÁTICA DOCENTE DESDE OS 15 ANOS”

 Professora da EOI de Ponte Vedra aprendeu galego no pátio da escola

  Noemy Cardoso dos Reis Borges


Maria José Sola Bravo (Santiago de Compostela; 1973) estudou Tradução e Interpretação e começou a trabalhar para a conselharia de Educação como professora de Português na EOI de Ourense em outubro de 1999. Vocacionada para o estudo dos idiomas e para a prática docente, desde os 15 anos andava a ensinar línguas (entre elas inglês) em diferentes academias e empresas.

Através desta entrevista, conhecemos o seu perfil linguístico e as suas vivências como professora de Língua Portuguesa nas Escolas Oficiais de Idiomas.

Qual é o seu perfil linguístico da infância à mocidade? Neo falante ou paleo falante?


Stricto sensu, neo falante, pois a minha mãe foi criada no Uruguai e não falava galego e o seu pai foi um digno filho da Ditadura e só usava galego para situações de maior emoção, tais como mostrar o seu amor, uma disputa acesa, etc.
Porém, eu cresci numa freguesia mais rural onde muitas pessoas falavam galego e no pátio da minha escola essa língua estava em pé de igualdade, ainda, com o castelhano. Portanto, tive a sorte de ouvir galego desde criança de tal maneira que, quando resolvi que o galego ia ser a minha primeira língua, esta língua já estava integrada e interiorizada no meu pensamento. De facto, não tive grandes problemas nem de fonética, nem de sintaxe, nem de léxico.


Em que momento abraçou o estudo da Língua Portuguesa? Durante a etapa dos estudos de Tradução e Interpretação?


Foi durante os estudos de Tradução e Interpretação, foi.

Nesta altura da sua vida, em quantas línguas se desenvolve com fluência?

Com fluência, 3. Poucas, na verdade.

Quando começou a sua experiência profissional?

A minha experiência como professora de português começou aos meus 26 anos em Ourense. Mas antes eu já tinha trabalhado a dar explicações, como professora de inglês em empresas e academias, como tradutora, e noutros trabalhos alheios à minha formação, tais como ajudante de cozinheira.

Como foi a evolução da matrícula (primeiro em Ourense e agora em Ponte Vedra)? 

Em geral, eu julgo que a matrícula na minha escola de Pontevedra se mantém nuns números estáveis desde há bastantes anos, com algum aumento ou decréscimo pontual mais marcado, devido a fatores externos como crises económicas, por exemplo.

Quantas pessoas trabalhavam no Departamento de Português em Ourense e quantos estão agora em Ponte Vedra ?

Em Ourense éramos duas pessoas e cá em Pontevedra também somos duas.


Qual é o perfil das pessoas matriculadas?

Bastante heterogéneo, na verdade. Com ampla maioria de mulheres, isso quero destacar. De resto, desde raparigas que acabaram de sair do liceu até velhos de 80 anos, com diferentes profissões, objetivos, ideologias, etc.

Além do trabalho na EOI colabora com alguma entidade social que promove o nosso idioma?

Sou sócia da AGAL. Quanto a colaborar, faço muito menos do que gostava, pois o trabalho como professora é cada vez mais, além do trabalho de ser mãe e as outras atividades diárias que a maioria de nós tem de enfrentar para ver as suas necessidades básicas de alimentação, higiene, etc. respondidas. Mas tento sempre, de uma maneira ou outra, contribuir para que o galego seja a língua primeira e maioritária da Galiza.

Visita académica para conhecer o processo de elaboração das natas do Café Natas D'Ouro, em Pontevedra. O chefe de confeitaria e sócio do café é português. As pessoas que acompanham a professora Maria José Sola são de várias turmas de português da Escola de Idiomas de Ponte Vedra.


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