15/02/22

Loli L. Caión: “Sou uma grande amante da cultura galega”

 Lóli L. Caión no Castro Friulio com a Associação Castronela


Hugo Lousada


Nascida em Burela no período da Transição, estudou Ciência Política e da Administração na Universidade de Santiago de Compostela (USC). Funcionária do Estado em excedência, trabalha no Hospital Lucus Augusti (HULA). Quando se apresenta, enfatiza a maternidade (“sou mãe de uma nena e um neno”, diz) e o seu compromisso com a língua galega, que nasceu com ela. Desde vários anos atrás, participa na associação Carballo Vivo -empenhada na dinamização cultural e económica do âmbito local- e foi a principal impulsora dos clubes de leitura do Scórpio, a iniciativa realizada em 2020 sob o título “Desconfinamos a obra de Carvalho Calero”.  

-Talvez poderia ficar com um certo tom original se a entrevista começar com uma auto apresentação da entrevistada. Lóli… é o seu momento!

-Nasci em Burela, mas vivo em Friol. Trabalho no Hospital de Lugo. Tenho um filho e uma filha e sou uma grande amante da cultura galega e defensora da nossa língua.

-É uma boa apresentação, que está em consonância com o lugar de nascimento, na Marinha do Cantábrico. Se nasceu em Burela, como foi que abandonou um lugar tão especial?

-Nasci e cresci em Burela e volto sempre que posso, porque tenho a Marinha no coração. Mas a vida dá voltas e desde há quase quinze anos moro em terras do interior, concretamente em Friol.

-E em que instituto estudou? Talvez no IES Perdouro como eu? 

-Estudei já há uns tempos e o mapa educativo mudou muito. Naquela altura o nome do Instituto era “Os Matos”; agora chama-se IES Monte Castelo. O IES Perdouro em que tu estudas era uma escola de Formação Profissional.

-E você foi educada em galego, em espanhol ou em ambos os idiomas?

-A minha língua é a galega. Na nossa casa todo o mundo a falava sempre. Na educação infantil tive mestras que falavam espanhol (eram os primeiros anos da Democracia), mas na EGB -fui ao Colégio dos Castros, que tinha o nome de Virgem do Carmo, por sermos uma localidade marinheira- já tive outros mestres que nos falavam em galego. A aprendizagem da escola era uma continuação da aprendizagem recebida da família.

-E quando começou a especializar-se em galego-português?

-Não me especializei...  Um tempo atrás compreendi que o único caminho que resta à nossa língua é a normalização da sua gramática mediante o uso da norma internacional (a norma do galego-português). Ainda estou em período de aprendizagem. Por enquanto, combino  o uso da norma da RAG com aquilo que aprendi de maneira autodidata da escrita reintegrada.

-Para além do uso de umas normas ou outras na hora de escrever, está implicada em muitas dinâmicas normalizadoras.

-Colaboro em muitas, sim. Principalmente com a Associaçom “Carballo Vivo”, que tenta fazer chegar todo tipo de actividades ao rural: dos jogos populares ao teatro, apresentações de livros e até concertos. Ao mesmo tempo que organizamos eventos académicos como o Prémio de Investigação Concelho de Friol e o Dia de Rosalia, diversificamos a oferta para todos os públicos através de festas populares: agora mesmo estamos em preparação do Entruido. Colaboramos com a Rede Museística da província de Lugo, com o Concelho e o CPI Dr. López Suárez de Friol e ainda com outras associações de âmbito local e  comarcal como a Plataforma para a recuperação da Torre da Caldaloba. Já a título individual, participo em Castronela -uma associação de recriação histórica do tempo da conquista romana- e nela ocupo-me de organizar a feira de artesanato que acompanha a festa galaico-romana a celebrar na segunda semana do mês de maio.

-Dou por feito que conhece o Modelo Burela!  

-Sim. Conheço-o e estou orgulhosa de fazer parte da família do Modelo Burela. Em Friol levamos a cabo uma jornada de dinamização económica justamente antes do começo da pandemia. Os resultados foram alentadores e ainda temos pendente uma exposição. Sei também da existência do programa de promoção da incorporação de novas vozes (o Projeto Neo) junto com o da divulgação das músicas através rádio internacional e das colaborações com o Christian Salles. Dou-vos os parabéns porque, pela primeira vez, existe na Marinha a oferta de preparação do nível B1  de Língua Portuguesa para as Escolas de Idiomas. Precisamente eu estive a ponto de fazer a minha matrícula neste curso, mas finalmente tive que desistir por questões de trabalho.

-Sim, estamos em pleno processo de preparação do nível B1. De facto, esta entrevista nasceu como uma prática acadêmica para esse fim. Se for publicada, seria como um prémio; é a primeira que faço.

-Parabéns! Sinto-me orgulhosa por isso. Gostei muito de conversar contigo.


1 comentário:

  1. Estou moi agradecida a Hugo que foi un grande entrevistador. Un rapaz moi amable e con unha grande capacidade segundo podedes ver na entrevista, ademais de ser moi paciente comigo!

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