09/07/17

PARADOXOS

Séchu Sende
Fomos à pediatra,
a minha filha de oito anos e mais eu.
Bom dia, olá, saudamos com dous sorrisos.
A mulher de bata branca abriu muito os olhos.
Expliquei À nena doem-lhe as costas.
Ficou olhando para nós com os olhos mais abertos.
Ehem, tusim, e repetim
Doem-lhe as costas, aqui, digem sinalando,
a falar mais devagar.
Mas parecia que a doutora nom nos entendia.
Glups.
Nós a ela si que a entendiamos
porque ainda que nom falava como nós
falava um dos idiomas que conhecemos bem,
porque nós somos desse tipo de gente que gosta de conhecer mais idiomas que o nosso.
Mas o misterioso e sorprendente,
sobre todo para a minha filha,
era que a doutora a nós, pacientes,
nom nos entendia.
A doutora nom nos entendia!
Ah, queria aclarar que fomos ao centro médico que está mais perto da nossa casa,
aqui,
que esta história nom sucedia no estrangeiro,
apesar de que o pareça.
Por certo, há dous anos fomos no verao à India,
que está mui mui longe,
e ali tivemos que ir a umha pediatra
com a nena porque tusia muito,
e ali, em Goa, a doutora que nos atendeu
dixo-nos Podem falar na sua lingua que eu tamém a falo e alá na India a doutora falou como nós
e entendeu-nos perfeitamente e deu-lhe um caramelo à nena.
Assi que a minha filha já sabe que na India a doutora entendeu-nos perfeitamente falando a nossa língua
numha consulta a mais de dez mil quilómetros de aqui
mas que ao lado da casa, no nosso centro médico,
nom nos entenderonm quando fomos preocupados porque lhe doiam as costas.
Por isso escrevemos esta reclamaçom, esta denúncia contra um dos muitos exemplos cotidianos da paupérrima qualidade democrática do Estado Espanhol e do governo autónomo galego.
Por favor, queremos umha pediatra que nos entenda.
Exigimos qualidade no nosso sistema público.
Reclamamos umha pediatra se comunique com nós com normalidade, que nom vulnere os nossos direitos elementais, com quem nom tenhamos que falar com gestos.
É a nossa obriga denunciar. Polas nossas filhas e filhos.
Compostela, Centro Médico das Fontinhas.

03/07/17

É TEMPO DE MUDANÇA - JOÃO CAETANO

O Grandes Vozes do Nosso Mundo chegou às 60 semanas em antena. Para celebrar esta efeméride, Marco Pereira e a sua equipa conseguiram entrevista com João Caetano. O documento sonoro é excelente, com Macau e a Galiza unidas pelo idioma.
Por gentileza de Marco Pereira, da sua equipa e do professor Gabriel André podemos reproduzir a letra de um dos temas mais conhecidos do artista dos Incognito que agora começa a carreira a solo.


É TEMPO DE MUDANÇA
(Letra: João Caetano
Música: João Caetano e Francisco Sales)

Vento, sigo os teus passos
e caminhos que alcanças 
sei da força que trago 
já é tempo da mudança 
e este é o caminho.
Segue a sombra que te segue
o sonho que prossegue 
e a linha que te guia. 
E segue a sombra que te segue
o sonho que prossegue
a linha que te guia neste dia
 na rota desta vida.

Vento, segue os meus passos
nunca pares de lutar
a resposta para o povo
que se cansou de chorar
Esta estrada foi longa
e a fome vai parar 
Esta mágoa incerta 
acabada de sarar 
E este é o caminho 

Segue a sombra que te segue 
o sonho que prossegue 
e a linha que te guia. 
E segue a sombra que te segue 
o sonho que prossegue 
a linha que te guia neste dia 
na rota desta vida. 
E a sombra que te segue 
E o sonho que prossegue 
E a linha que te guia 
na rota que te solta 
a sombra que te solta
o sonho que te solta 
e a linha que te guia 
na rota desta vida.

É tempo da mudança
Sigo os teus passos 
Segue os meus passos
Segue a sombra que te segue
o sonho que prossegue 
e a linha que te guia. 
E segue a sombra que te segue 
o sonho que prossegue 
a linha que te guia neste dia 
na rota desta vida. 

Segue a sombra que te segue 
o sonho que prossegue 
e a linha que te guia. 
E segue a sombra que te segue 
o sonho que prossegue 
a linha que te guia neste dia 
na rota desta vida. 
E a sombra que te segue 
E o sonho que prossegue 
E a linha que te guia 
na rota que te solta 
a sombra que te solta 
o sonho que te solta 
e a linha que te guia 
na rota desta vida.